04/04/2012

Sobre Salvador Dalí

"Catalão puro, pleno daquela manhã esplêndida que só existe na Catalunha, de onde vem em grande parte aquela surpreendente juventude, que o faz prolífico diante da admiração universal, esse genial rapaz que preenche a vitrine do mundo, move as gruas ou as girafas de New York, influencia a excessiva capital da civilização. Dalí, com aquela grande dignidade espanhola que não admite o plágio, não tem Picasso como modelo e soma a natural inspiração de todo o moderno à própria originalidade. Dalí é filho de uma nova espécie." Ramon Gomez de la Serna - 1977.

Manequim de Barcelona - 1926
"Dalí define a si mesmo como narcisista e sua autobiografia é simplesmente um ato de exibicionismo. Contudo, existe grande valor como testemunho de uma fantasia, da perversão de um instinto intrínseco à idade moderna. Seria necessário ter-se em mente que Dalí é ao mesmo tempo um grande artista e um ser humano repugnante. Uma coisa não exclui a outra nem, de modo algum, a influencia." George Orwell - 1946.

Jogo Lúgubre - 1929




"Dalí é um dos artistas mais célebres e reconhecidos do mundo, mas também dos mais controversos. No século 20, nenhum outro conseguiu combinar estavelmente o fascínio exercido sobre o grande público com as pesadas críticas reservadas a ele pelas instituições oficiais e pelos historiadores da arte moderna. Ele sabia desde a infância que queria ser pintor, mas viveu em uma época na qual a pintura estava inexoravelmente destinada a perder terreno. Fotografia, objetos, arte conceitual, instalações, happening, todas essas formas expressivas desafiavam a representação pictórica. Dalí assumiu parte do desafio contribuindo para manter vivo o poder expressivo da pintura." Dawn Ades - 2004.

Persistência da Memória - 1931
William Tell - 1930
"Até agora tinha a tendência de considerar os surrealistas - que ao que me parece elegeram-me seu santo protetor - palhaços. O jovem espanhol, com o seu olhar sincero e fanático e a sua inegávelmaestria técnica, induziu-me a toda outra avaliação. Na realidade, seria muito interessante estudar analiticamente a gênese de uma pintura similar. Do ponto de vista crítico, poder-se ia sempre dizer que o conceito de arte foge de um aprofundamento quando a relação quantitativa entre material inconsciente e elaboração pré-consciente não repeita certo limite. De qualquer modo, ele tem sérios problemas psicológicos." Sigmund Freud - 1980.

Cisnes refletindo Elefantes - 1937
Metamorfoses de Narciso - 1937
A face da Guerra - 1940
"Dalí realizou ao final dos anos 1920 telas de fortíssima provocação alucinatória por meio de uma meticulosa e virtuosística descrição de incongruências e deformações onírico-paranoicas. Ao longo da década seguinte e até hoje na sua pintura, a exibição virtuosística tomou um caminho acadêmico e a força alucinatória diminuiu, na implicação de uma temática religiosa ao limite extremo da ortodoxia." Enrico Crispolti - 1969.

Crianças Geopolíticas assistindo ao nascimento do novo homem - 1943 

Sonho causado pelo voo de uma abelha ao redor de uma romã, um segundo antes de despertar - 1944
"Salvador Dalí Domènech era um artista extraordinário e um ser humano excepcional que, nascido duas vezes, se definiu divino. Modelava a sociedade ocidental para adaptá-la aos próprios sonhos, escandalizava ou divertia o mundo com as suas zombarias e, mesmo assim, vivia em escura e perpétua agonia, em um castelo em Arpurdán, depois de ter sido um anarquista, um comunista, um cubista, um surrealista, um acadêmico, um místico, um monárquico e Marquês de Púbol." Carlos Rojas - 1984.

A Madona de Port Lligat - 1950


Fonte: Coleção Grandes Mestres - Editora Abril
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