31/07/2011

Gainsbourg - O Homem que amava as mulheres

A cinebiografia sobre o cantor francês Serge Gainsbourg é memorável. O trabalho do diretor em contar a história de um ícone da música do seu país foi além do plano natural de uma história linear. Como o personagem principal é um grande artista, sua cinebiografia não poderia ser simplesmente realista, com uma narrativa nua e crua.

A escolha dos personagens foi admirável, uma vez que encontrar (bons atores) que apresentem a feiúra de Gainsbourg e a beleza estonteante de Brigitte Bardot é fruto de um ardo trabalho de casting. Mas era preciso ir além do realismo rigoroso.

Era preciso fantasiar a realidade, trazer poesia para a narrativa. E o diretor Joann Sfar consegue isso de forma primorosa. Por ser quadrinista (dom que Gainsbourg também possuia), Sfar desenhou o filme inteiro, e no storyboard criou um boneco narigudo que acompanhará Gainsbourg durante boa parte do filme, tornando os trabalhos do artista mais coerente, uma vez que a criatividade vem da fantasia.

Emoção é a palavra-chave para entender Serge Gainsbourg, que viveu 63 anos sem se furtar a elas, com preferência pelas mais desmedidas e intensas. Quando morreu, em 1991, já havia se tornado um mito bem ao gosto dos franceses, o do rebelde que afronta as convenções em busca de sua liberdade. Compôs jazz, canção, balada, reggae, rock, inventou uma forma de cantar, escreveu um romance, dirigiu filmes, foi ator e ainda tinha um dom incrível para a pintura.

Gainsbourg, o homem, fazia parte de uma extração de artistas, cada vez mais rarefeita, convicta de que o pop não era sinônimo de porcaria. Gainsbourg é e continua a ser um herói, o das causas perdidas.

30/07/2011

Revolução, Revolución, Revolution, Rivoluzione

A revolução - do latim revolutìo,ónis: ato de revolver - é mundialmente conhecida apenas pelo cunho político da palavra, onde seu significado seria "movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa promover mudanças profundas nas instituições políticas, econômicas, culturais e morais."

Entretanto, este vocábulo possui significados mais amplos, que vão além do que imaginamos. Por exemplo, a mesma palavra apresenta no Dicionário Houaiss um significado que é datado do século XV - muito antes da "épocas das revoluções" - que designa "grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira repentina".

Além disso tudo, o significado desta palavra para as ciências exatas, é de certa forma muito distinto do significado utilizado pelas ciências humanas. Onde fisicamente falando, revolução é um movimento completo de uma figura em torno de um eixo ou de um centro: podemos dar como exemplo a revolução de um planeta ao redor do Sol.

Portanto, a mesma palavra, REVOLUÇÃO, que pode significar uma transformação radical de conceitos para as ciências humanas, ao mesmo tempo em que para as ciências exatas significa um movimento cíclico, onde mudanças podem ocorrer, mas que ao final tudo volta para o mesmo ponto de partida. Evolução ou rEvolução, não se engane pois tudo termina da mesma forma com que começou, voltando para o seu Ponto de Equilíbrio.

29/07/2011

Cinefilô - Livro pro fim de semana

Acreditando piamente que a sala escura do cinema é um ambiente que permite a rara fusão da imaginação com a racionalidade, o francês Ollivier Pourriol (professor de filosofia, romancista e ensaísta) teve uma ideia inusitada: ensinar filosofia através de enredos de filmes cultuados no mundo inteiro. O sub-título do livro é "As mais belas questões da filosofia no cinema".

O Clube da Luta, por exemplo, leva a um saboroso debate sobre a liberdade; Colateral é pretexto para salientar noções de método; O sexto sentido remete às fronteiras entre consciência e percepção; Highlander traz à tona a diferença entre imortalidade e eternidade. "Se, a princípio, a filosofia der um nó na sua cabeça, lá estará o cinema para exemplificar o assunto." - Correio Brasiliense sobre este livro.

Este livro traz as aulas ministradas pelo autor em torno da obra do francês René Descartes (1596-1650) e do holandês Baruch de Spinoza (1632-1677). Descartes inaugurou o racionalismo na Idade Moderna, com o seu "Penso, logo existo". Ao contrário de Descartes, Spinoza achava que a emoção só pode ser suplantada por outra emoção - jamais pela razão.

Esses dois pensadores têm aqui suas ideias expostas de modo original e em linguagem clara, mas sem perda da profundidade dos temas abordados. Com Cinefilô descobre-se que a filosofia não é a disciplina austera e distante da realidade, e sem uma forma prazerosa de compreender o mundo contemporâneo.

A surpreendente proposta deste livro, onde filmes de grande popularidade servem de ponto de partida para a discussão de temas filosóficos, funciona muito bem pois o autor é extremamente hábil em utilizar personagens da cultura pop, com seus dilemas contemporâneos, questões tradicionalmente consideradas "difíceis" chegam até o leitor leigo de forma compreensível, envolvente e sem banalizações.

28/07/2011

Porque o horário de Verão começa no meio da Primavera?

Muitos são aqueles que reclamam a respeito da adoção do horário de verão em nosso país tropical, visando um maior aproveitamento da iluminação que o Sol nos proporciona. Um dos principais motivos dessa revolta é o fato do horário de verão ter seu início na primavera. Mas esta precocidade não constitui um erro, ela tem uma razão astronômica.

O verão, como o definimos, começa em fins de dezembro, em um dia em particular (dia 21 ou 22) que abriga o solstício de verão. Este dia do solstício é registrado quando o Sol, em sua peregrinação anual pelo céu, atinge seu máximo afastamento do equador celeste, em direção ao Sul. Podemos perceber, também, que a duração d aparte luminosa do dia é a maior possível durante o solstício de verão.

Na verdade, astronomicamente falando, o solstício deveria ser entendido como o auge do verão. Porém, não confunda o auge do verão, parte luminosa do dia mais longa, com o dia mais quente da estação. Isso porque as temperaturas mais quentes do ano, o que alguns poderiam chamar de o auge do verão, acontecem depois do solstício, devido ao tempo em que a atmosfera e oceanos levam para acontecer.

Não é de se estranhar, então, que o início do verão como o conhecemos abrigue o meio do horário de verão, visto que é durante este período do ano que a parte luminosa do dia é mais longa do que a noite. É por isso que o horário de verão começa em plena primavera e termina antes que o verão acabe.

É bom lembrarmos que quanto mais afastado estivermos do da Linha do Equador, mais acentuada será a diferença entre dias e noites ao longo do ano. É por esse motivo que nas regiões Norte e Nordeste, esta diferença é tão pequena que o horário de verão não é adotado.  

27/07/2011

Antoni Gaudí - Personagem da Semana

Antoni Placid Gaudí i Cornet, nasceu no dia 25 de junho de 1852 na cidade de Reus, que pertence a província de Tarragona, Catalunha, Espanha. É o principal nome da arquitetura catalã, seus trabalhos são verdadeiros símbolos do espírito da cidade de Barcelona, onde se educou e passou grande parte da vida. É reconhecido como um arquiteto de novas concepções plásticas ligado ao modernismo catalão, um variante da art nouveau.

Casa Batlló
Desde criança sofria de reumatismo que o acompanhou durante toda sua vida. Essa doença o impedia de participar de muitas brincadeiras com outras crianças de sua idade, por esse motivo, passava muitas horas de seu tempo livre observando animais e plantas, o que lhe fes adquirir um censo muito aguçado sobre os princípios do naturalismo. A esse respeito, Gaudí escreveu: "A linha reta é uma invenção do homem. A natureza não nos apresenta nenhum objeto monotonamente uniforme".

Teto do Parc Guell
Apesar das formas orgânicas terem sido sua maior fonte de inspiração, Gaudí também buscou estímulos na arte gótica, nos livros medievais e na arte árabe. As primeiras obras de Gaudí são as mais influenciadas pelo estilo mourisco, sendo o mosaico um elemento bastante frequente na decoração de ambientes internos e fachadas.

El Capricho
Com o tempo, entretanto, passou a adotar uma linguagem escultórica bastante pessoal, projetando edifícios com formas fantásticas e estruturas complexas. Em Barcelona sua arquitetura se destaca das demais, assumindo foros de excepção, num ambiente essencialmente funcionalista de uma cidade que na época estava em desenvolvimento industrial. Ridicularizado por seus contemporâneos, Gaudí encontrou no empresário Eusebi Guell o parceiro e cliente ideal, tendo sido praticamente seu mecenas.


Templo da Sagrada Família
Antoni, policamente, foi um fervoroso nacionalista catalão quando jovem, tanto que nesta época aderiu ao Movimento Nacionalista da Catalunha e assumiu algumas posições críticas face à igreja; entretanto, no final de sua vida essa faceta desapareceu, uma vez que em seus últimos anos de vida devotou-se exclusivamente à religião católica e a construção da sua obra-prima o Templo Expiatório da Sagrada Família (obra que ainda está em construção) e que emana um poder visual quase que alucinatório.

Gaudí nunca se casou, mas deixou descendentes - suas obras - que lhe garantirão vida eterna! Ele morreu aos 72 anos (em 1924), vítima de um atropelamento.

26/07/2011

Cinema Nazista

O cinema foi um veículo importante para a propagação dos ideias nazistas na Europa. Durante os 12 anos do poder nazista, calcula-se que foram produzidos aproximadamente 1.350 longas-metragens na Alemanha. A produção envolvia comédias (musicais e românticas), filmes de costumes, operetas, filmes de guerra e filmes de exaltação dos conceitos do regime, como o racismo e a xenofobia. Os preferidos pelos jovens estavam sempre associados ao espírito alemão, ao heroísmo e ao patriotismo.

O Ministério da Propaganda, liderado por Paul Joseph Goebbels, produziu 96 longas-metragens com roteiros sugestivos e atraentes contendo a marca ideológica nazista. Nos temas voltados para a guerra, o cinema exaltava o heroísmo nazista, sempre descrevendo com ênfase a brutalidade dos inimigos. Os alemães eram retratados como heróis e benevolentes (mesma fórmula usada pelos americanos); os ingleses como covardes e ridículos; e os russos como pessoas grosseiras, alcoólatras e violentadores de mulheres.

Mas o esforço da propaganda foi mais forte com relação aos judeus, mostrados como desumanos, intoleráveis, animais perigosos. Alguns filmes como Os Rothschilds, O Judeu Suss e O Eterno Judeu, foram produzidos em 1940, na mesma época em que se planejava a "solução final" para os judeus da Europa. Segundo documentações, todo o pessoal da SS e da polícia alemã foi obrigado a assistir estas produções antissemitas.

O cinema também foi usado para familiarizar o povo alemão com o Programa de Eutanásia, com o filme Confie em Seu Médico. O documentário Vítimas do Passado explorou imagens de doentes mentais que, supostamente, ocupavam "palacetes" (os hospitais), enquanto pessoas saudáveis viviam em guetos e subúrbios. O filme tentou vender a ideia de que era necessário eliminar as formas de vidas inferiores, apelando para o pecado contra a lei de seleção natural, quando formas de vida não saudáveis são aceitas. Para eliminar o "pecado", em 1941 os nazistas eliminaram 70 mil doentes mentais e deficientes físicos.

"Os filmes de uma nação refletem a mentalidade desta, de uma maneira mais direta do que qualquer outro meio artístico." - Siegfried Kracauer

Filmes e documentários que abordam este tema são:

- O Triunfo da Vontade - 1934 (Filme oficial da propaganda nazista)

- Arquitetura da Destruição - 1989 (Documentário onde aborda que a ambição de Hitler ia muito mais além)

Os Quatro Cavaleiros do Ateísmo

É importante ressaltar que o objetivo deste post não é ofender nenhuma crença religiosa, uma vez que o respeito entre os religiosos, agnósticos e ateus precisa prevalecer. A crença ou não na existência de um Deus, é uma escolha pessoal, uma vez que sua existência só pode ser amparada mediante a fé. Portanto, este vídeo é para quem desconhece e tem interesse em saber as teses e pensamentos por trás do ateísmo.



Assistir os quatro cavaleiros do ateísmo em um bate-papo (quase) informal é um privilégio para poucos. Neste vídeo, Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Sam Harris e Daniel Dennett conversam sobre ateísmo, religião, militância, crítica e sobre o papel que eles próprios desempenham neste início de século.

O bate-papo aconteceu em 30 de setembro de 2007, seis anos após a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, episódio decisivo para a entrada em cena do quarteto, marco inaugural do que passou a ser conhecido como neoateísmo.

A afinidade entre eles é obvia, mas é curioso notar, também, as diferentes visões e posturas em relação aos temas discutidos. Dawkins e seu antiteísmo militante; Hitchens e sua análise política cortante; Harris e sua proposta de uma espritualidade ateísta e Dennet, com seu temperamento conciliador.

O vídeo é relativamente longo, praticamente duas horas de duração. Mas se o leitor deseja conhecer os ícones do ateísmo moderno para além de suas obras, assistí-lo é indispensável.

Crítica: Marcelo Esteves

20/07/2011

A Babilônia que poucos conhecem

Torre de Babel
Babilônia - provavelmente fundada em 1950 a.C. - foi a capital da Suméria, região que hoje é o Iraque. A cidade localizava-se aproximadamente a 80km ao sul de Bagdá. O povo babilônico era muito avançado para a sua época. O Rei Hamurabi por exemplo é considerado o primeiro rei a codificar leis. A cultura babilônica influenciou em muitos aspectos a cultura moderna.

A cidade da Babilônia tornou-se um renomado centro de aprendizado, especialmente em ciências, matemática e astronomia. Os estudiosos babilônicos desenvolveram um sistema de numeração, baseado em grupos de 60 minutos, divisão do dia em 24 horas e ao círculo de 360 graus. 

Jardins Suspensos
O antigo historiador grego Heródoto declarou que a Babilônia "é tão esplêndida que nenhuma cidade na terra pode ser comparada a ela". A cidade era conhecida como A Rainha da Ásia, que em seu período de prosperidade e hegemonia, possuiu um conjunto arquitetônico famoso até os dias de hoje, que era constituído      pela Torre de Babel, os Jardins Suspensos e um canal de defesa ligando os rios Tigres e Eufrates (Muro dos Medas).

 Seus muros e famosos jardins suspensos estavam entre as sete maravilhas do mundo antigo e a Babilônia tornou-se sinônimo de excelência e talento. Porém na tradição judaico-cristã, contudo, a cidade é considerada como a antítese do paraíso e da sagrada Jerusalém, simbolizando o profano.


Jardins Suspensos da Babilônia

19/07/2011

70 anos de Bob Dylan

Esse ano não é o Bob Dylan quem faz setenta anos, mas o mundo que faz 70 anos de Dylan. Por isso farei essa homenagem inspirado em uma matéria da revista Noize - junho de 2011 - que mostra um pouco do mundo segundo a cabeça do artista e como suas interpretações dos fatos resultaram em músicas.

O herói folk Woody Guthrie sofreu de Mal de Huntington até sua morte em 1967. Dylan visitou o ídolo algumas vezes no início da década. Em um dos encontros, teria ouvido o conselho: "O importante são as letras. Pegue uma música, cante alto quando eles cantam baixo, cante rápido quando cantam devagar, e você tem uma nova canção."

Quando lançou seu primeiro disco, o homônimo de 1962, Dylan já conhecia Woody Guthrie pessoalmente. "Song to Woody" é, ao mesmo tempo, homenagem e cópia de uma música do ídolo, "1913 Massacre". Aprendeu bem a lição.


Nos anos 60, o vigor revolucionário tomava os ânimos e inspirava mudanças sociais. As pessoas começaram a se fazer ouvidas e a lutar pelo que pensavam ser justo. Com seus versos curtos e diretos, "The Times are A-Changing" se tornou um hino dos jovens sessentistas. Arquétipo da música de protesto, ela parece transmitir perfeitamente o espírito da época. Em Biograph, Dylan fala sobre a melodia: "Eu sabia exatamente o que eu queria dizer e para quem eu queria dizer." 



Na música "Too Much Monkey Business" (1956), Chuck Berry, um dos avós do rock eletrificado, descreve com a fala acelerada a rotina de um frentista: "Workin' in the fillin' stational/ Too many tasks/ Wipe the windows/ Check the tires/ Check the oil/ Dollar gas!" Em 1965 Dylan grava "Subterranean Homesick Blues" onde importa de Berry não apenas a guitarra, mas o ritmo e o estilo da narrativa: "Ah, get born/ keep warm/ Short pants/ romance/ Learn to dance/ get dressed/ get blessed/ Try to be a success/ Please her/ Please him/ buy gifts/ Don't steal/ don't lift".

Em meio aos swinging 60's, os traficantes foram apelidados de Tambourine Men. Portadores do espírito libertário, eles foram louvados em mais de uma canção. Alguns trechos de "Mr. Tambourine Man" de 1965, como quando Dylan canta "take me on a trip upon your magic swirling ship", sugerem que ele escrevia a respeito de algo místico. Há especulações que o clima fosse evocado pelas substâncias que o próprio cantor consumia.

A palavra "Rolling Stone" aparece na música pop pela primeira vez em "Lost Highway", de Leon Payne. A música começa com a frase "I'm a rolling stone/ all alone and lost". Ritchie Vallens gravou "La Bamba" em 1958, a música é uma releitura de uma canção folclórica mexicana - e maior sucesso do cantor. No documentário Don't Look Back, Dylan aparece cantando a música de Leon Payne poucos dias antes de compor "Like a Rolling Stone". Musicalmente, a canção tem muito de "La Bamba", de Ritchie Vallens. 
  

Rubin "Hurricane" Carter era um pugilista americano de sucesso até ir para a cadeia em 1966, acusado de ser uma das pessoas responsáveis por matar duas pessoas a tiros, no Lafayette Bar, em New Jersey. "Hurricane" foi lançada por Dylan em 1975. São 8 minutos e 30 segundos em protesto ao que Dylan e o co-autor Jacques Levy consideraram um ato de racismo. Carter foi solto em 1985, aos 50 anos, porque nunca provaram sua culpa.

As diferentes formas da Cruz

Ankh - Cruz egípcia
Na cultura ocidental, a cruz se tornou quase que inseparável do Cristianismo; contudo ela é um dos símbolos mais velhos e de significados mais abrangentes. A cruz pode ser encontrada nas antigas civilizações da China, Egito e América Central e é um símbolo frequente na arte africana além de aparecer em porcelanas, joias e moedas celtas. É considerada um dos quatro símbolos básicos como o ponto, o círculo e o quadrado, com os quais também está relacionada.

A cruz cria uma totalidade. Sua intersecção de duas linhas pode ser vista como a união do princípio masculino (vertical) com o princípio feminino (horizontal). Os dois eixos também representam as dimensões de tempo e espaço, matéria e espírito, corpo e alma. O cruzamento de linhas horizontais com verticais é a base de uma "pessoa feita de linhas", uma das representações mais básicas da figura humana, encontrada na arte de rochas pré-históricas e nos desenhos infantis.

Cruz Celta

Quando a cruz é colocada dentro de um círculo, ela se torna uma cruz solar ou disco de sol. Os celtas combinaram a cruz e o círculo em um padrão característico que originalmente tinha ligações com a fertilidade - a cruz representando o poder gerador masculino e o círculo, o feminino. Com o passar do tempo a cruz celta foi usada como símbolo cristão para representar a união do Céu e da Terra. 



Há uma discordância sobre o tipo de cruz que foi usada para a crucificação de Cristo. Muitas imagens antigas mostram Cristo pendurado em uma estrutura em forma de Y ou uma cruz em forma de T. Para os primeiros cristãos as três direções da cruz em T (cruz de Tau), estavam relacionados à Divina Trindade. Com o passar do tempo a cruz latina, a atual, se tornou o símbolo central do Cristianismo. Para os cristãos,  o crucifíxo é um símbolo seminal que representa a morte de Cristo, a ressurreição, a vitória do espírito sobre a matéria e a redenção da humanidade.


A palavra em sânscrito svastika significa "bem estar" e, na índia a suástica é um símbolo de fertilidade e boa sorte. Ela aparece bastante em toda a Ásia, tanto em contextos seculares quanto religiosos. Essencialmente, a suástica é uma cruz em espiral, com os ângulos na extremidade de cada braço sugerindo uma faixa de luz conforme ela gira.


Dizem que, se for girada no sentido anti-horário, ela representa o princípio feminino e, no sentido horário, o masculino. A suástica no sentido anti-horário aparece no Budismo, no Taoísmo e nas culturas dos nativos americanos. Contudo, no mundo ocidental moderno, o símbolo é associado ao antissemitismo por causa da adoção da suástica (no sentido anti-horário) como o símbolo principal do partido alemão nazista.     

18/07/2011

The Third and The Seventh - by Alex Roman


A ideia central deste curta é realizar a fusão entre a terceira e a sétima arte (escultura e cinema). O filme é dirigido por Alex Roman (espanhol, nasceu em Madri no ano de 1972) sua ideia era representar a arte da arquitetura através do ponto de vista fotográfico. Os principais temas registrados são os espaços já construídos, ou pela natureza ou pelas mãos do homem. Este curta é na verdade uma animação feita em computação gráfica, veja-o com calma pois vale cada minuto! 

A arte de contar histórias


Desde os primórdios, os seres humanos usam histórias para descrever coisas que não podem explicar de outro modo. Tais histórias tentam responder a algumas das questões mais fundamentais sobre a existência humana - a razão pela qual estamos aqui e para onde vamos, sobre a natureza do mundo ao nosso redor e como nos encaixamos nela.

Todas as culturas formularam suas próprias visões poéticas e narrativas sagradas. A palavra "mito" deriva do grego mythos, que significa palavra ou história, mas tornou a representação de uma narrativa que ajuda a explicar a origem e o caráter de uma cultura em termos de simbólicos.

A arte de contar histórias sempre foi uma tradição muito valiosa, uma vez que era um meio de manter vivos os códigos e valores sociais de uma cultura, sua linguagem e história ancestral e sua conexão com o divino. O contador de histórias tinha um papel vital na comunidade; algumas vezes, como um oficial da corte real, algumas vezes como um menestrel errante que viajava de lugar para lugar.

O contador de histórias
 Fazendo o paralelo com a sociedade atual, podemos dizer que os nossos contadores de histórias são escritores (principalmente os de ficção), músicos, cineastas (roteirista e diretor) e publicitários; onde os que alcançam o respeito de crítica e público, são considerados patamares acima dos mortais. Sim, eles são os contadores das nossas histórias, cumprindo o importantíssimo papel de propagadores das formas de pensar, comportamentos, ideologias, diferentes culturas e estilos de vida. 

17/07/2011

Estaremos todos Conectados?

Os conceitos de sincronicidade e atração pressupõem que tudo na vida está fundamentalmente conectado. Isso ainda não é comumente aceito pela ciência atual; contudo, os desenvolvimentos na Física Quântica e a pesquisa psicológica de campo e orientada para os processos estão apontando nesta direção.

Homem de Neanderthal
Vou citar um exemplo de um fato que conecta duas épocas distintas, que descobri pesquisando pela internet:
"No ano de 1856 os primeiros ossos do fóssil de Neandertal foram encontrados por trabalhadores de uma pedreira no Vale de Neander, na Alemanha. E por isso, os primeiros humanos receberam o nome do vale.
Por coincidência, a área havia sido nomeada no século XVII com o nome de um pastor local, Joachim Neumann, que adotou o pseudônimo grego Neander, que significa "novo homem."


Segundo Arnold Mindell, tais interações pré-existem em um mundo sensitivo equivalente ao inconsciente coletivo de Jung, em que todas as coisas existem como tendências antes de se manifestarem.

Árvore Celta
Mindell vai mais além e descreve esse mundo como um sistema de raízes (redes) entre duas árvores que estão tão interligadas que é impossível separá-las. Fazendo referência à árvore da vida, que é um símbolo universal da criação, onde ela tem suas raízes nas águas do submundo, seu tronco no mundo terreno e seus galhos nos céus.


A crença de que a terra e as pessoas estão profundamente conectadas [AVATAR] justifica todas as práticas xamânicas (a tarefa do xamã é fazer as ligações entre os mundos e muitos símbolos que fazem a ligação entre eles) e é compartilhada pela cultura e religião de muitos povos antigos e atuais.

16/07/2011

Identificação do Céu - Curso do Planetário-RJ

Para quem curtiu o Post sobre o monstro da astronomia Carl Sagan, com certeza não deve perder a chance de aprender mais sobre a ciência estrelar. O Planetário da Gávea, Rio de Janeiro, está oferecendo o Curso de Identificação do Céu, de 25 a 29 de Julho (de segunda a sexta) das 19:30 às 21h. Não existe pré-requisitos para fazer o curso, basta que a pessoa tenha interesse por astronomia.

O curso tem como objetivo  principal a identificação das estrelas mais brilhantes e as constelações mais conhecidas. A memorização é feita por meio de alinhamentos, e as aulas serão ministradas na Cúpula Carl Sagan pelos astrônomos da Fundação - Fernando Vieira e Alexandre Cherman - que também orientam a observação do céu real através de modernos telescópios durante o curso.

Durante o curso ainda serão abordadas noções de movimentos do Sol, dos planetas,  da Lua e da identificação da identificação do Céu em diferentes épocas do ano, bem como uma visão geral da Astronomia contemporânea. O investimento para realizar o curso é de R$80.

Para acompanhar as aulas será distribuída uma apostila digital, e ao término do curso o aluno que estiver presente em todas as aulas receberá um certificado comprovando a realização do mesmo. Mas atenção, as inscrições devem ser feitas até o dia 25 de Julho, exclusivamente na recepção do planetário da Gávea. Aproveite essa oportunidade, pois como diz o slogan do Planetário: Visite o Planetário. É cultura. É ciência. É do Rio.

Democracia não é igualdade, é maioria

O século XX se encerrou afirmando como utopia uma necessária democracia agenciada pelas forças liberais. Capitalismo com democracia passou a ser o duplo indissociável que encerrou o século anunciando o retilíneo caminho a ser seguido pela sociedade de controle.

Os princípios, Igualdade, Liberdade e Fraternidade difundidos nos ideias Iluministas, e reforçado através da Independência dos EUA e a Revolução Francesa, serviram como ancora para que o governo democrático fosse instalado, constituindo assim a falsa associação de que só há liberdade através da democracia.

Porém, Libertário é uma denominação própria aos anarquistas que sempre propuseram o fim das desigualdades acoplado ao fim do Estado, pois este nada mais é do que a realização do domínio e da injustiça, ancorados nos direitos exercidos de maneira centralizadora, que vão da injustiça, ancorados nos direitos exercidos de maneira centralizadora, que vão da família ao Estado e deste para os indivíduos.

Os anarquismos informam que precisamos analisar as formas autoritárias de nossa educação, cuja base é a sua suposta existência de um soberano que zela por nós, chame-se ele pai, professor, chefe, governante, programas de computação. Uma educação pautada na autoridade centralizada institui uma vida organizada pelo regime da punição e recompensa, cuja expressão terminal chama-se prisão.

Estamos numa sociedade de controle cujo alvo principal é o planeta. Pouco importa a população. Hoje em dia não se requer mais um corpo para ser investido como força motriz para a produtividade. Estamos no tempo de um investimento em fluxos inteligentes para os quais as partes devem estar disponibilizados para a produção e para a participação política controlada pela democracia.

Disciplina e controle de fluxos inteligentes caracterizam a época atual, em que se imagina poder vigiar a todos pelos meios midiáticos eletrônicos, como a televisão, os bancos de dados, a Internet.


Texto escrito através de pensamentos pincelados do livro: "Anarquismos e sociedade de controle" do autor Edson Passetti.

15/07/2011

O Encanto na Simplicidade - Citações

"Ele é um pensador: isto é, ele sabe como tornar as coisas mais simples do que elas são." - Nietzche (1882)

"Duque Vicentio: Não se deixe ficar perplexo acerca de como essas coisas devem ser; todas as dificuldades são apenas simples uma vez conhecidas." - Shakespeare (1604)

"O fato mais impressionante é que a gravidade é simples. Ela é simples e portanto é bela. É simples no seu padrão. Não digo que seja simples em sua ação. Isso é comum a todas as nossas leis; todas resultam ser coisas simples, embora complexas em suas ações efetivas." - Richard Feynman (1967)

"Quem quer que tenha algo verdadeiro a dizer se expressa de modo simples. A simplicidade é o selo da verdade." - Schopenhauer (1851)

"Creio que descobri (eis a pretensão!) a maneira simples por meio da qual as espécies se tornaram finamente adaptadas aos diversos fins." - Darwin (1844)

"Quem sabe que é profundo busca a clareza; quem deseja parecer profundo para a multidão, procura ser obscuro. Pois a multidão toma por profundo aquilo cujo fundo não vê: ela é medrosa, hesita em entrar na água." - Nietzsche (1882)

Você gosta de Fanta?

Você com certeza conhece a Fanta Laranja, o que provavelmente poucas pessoas sabem é a sua origem. A Fanta é um refrigerante da gigante empresa Coca-Cola, mas não foi inventada na sede americana da empresa, mas sim na sede alemã. Em plena Segunda Guerra Mundial. Isso mesmo, a Fanta foi o refrigerente da Alemanha Nazista.

Durante toda a ascensão de Hitler ao poder, a repartição da Coca-Cola sempre esteve apoiando o então governante alemão. Tanto foi assim que a Coca-Cola GmbH (Alemanha) foi patrocinadora dos Jogos Olímpicos de 1936, na Alemanha. A associação da empresa com o nazismo era tão forte que, invariavelmente, sempre que uma revista local exibia uma fotografia do Führer na capa, a Coca-Cola  GmbH publicava um anúncio na contracapa.

Em 1941, a empresa já não podia mais importar dos Estados Unidos o xarope que continha os componentes 7X e Merchandise #5. Empreendedora como sempre, a empresa inventou uma nova bebida - dessa vez feita especialmente para os nazistas, batizada de "Fanta".

Inicialmente, a Fanta continha soro de leite, um subproduto do queijo, e fibra de maçã, mas os ingredientes variaram durante a guerra. Apenas em 1943, mais de 3 milhões de garrafas de Fanta foram vendidos na Alemanha nazista.

A história do nome do refrigerante é curiosa, pois foi escolhido em um concurso para os trabalhadores da fábrica da Coca na Alemanha, e era pedido que eles expressassem sua "Fantasie" (palavra em alemão que significa "fantasia"). Joe Knipp, um vendedor, gritou, "Fanta!" e foi o vencedor do concurso.  

Pra quem não acredita.

Boa Ventura! - Livro pro fim de semana

Boa ventura! Expressão que significa o mesmo que "boa sorte", "boa fortuna". E esta última pode ser usada em seu sentido literal neste livro, uma vez que o montante total que foi retirado de solos brasileiros girou em torno de 1000 toneladas de ouro, em um período de praticamente 100 anos. Isso sem contar a quantidade absurda de brilhantes, tudo - metais e pedras preciosas - depositados praticamente à flor da terra.

Este livro não é ficção, é sim uma fascinante reportagem histórica, com um texto sedutor, capaz de te prender página por página. A narrativa ganha contornos de aventura do início ao fim - dos 200 anos de busca do El Dorado tupiniquim à descoberta e exploração da maior reserva de ouro até então conhecida no planeta.

O autor, Lucas Figueiredo, é um jornalista e escritor multipremiado (já ganhou diversos Prêmios Esso e o Prêmio Jabuti em 2010), segue as pegadas fincadas nas picadas da mata por gerações de aventureiros. O subtítulo do livro já dá um parecer sobre do que ele se trata: Boa ventura! A cobiça que forjou um país, sustentou Portugal e inflamou o mundo.

Ao final do livro, que pode ser facilmente consumido durante um fim de semana, é possível traçar um painel da grande transformação brasileira durante esse período (1697-1810). Estimulada pela corrida do ouro, a imigração contribuiu para transformar uma colônia de 300 mil habitantes em robusta colônia de 3,6 milhões, em apenas 113 anos. A busca pelo metal ajudou a ocupar e proteger as fronteiras do Brasil, a desenvolver a agricultura e até mesmo as artes (vide o movimento de arte barroca nas cidades mineiras durante esse período).

14/07/2011

Sessão Carl Sagan

"É provável que, se você veio aqui para se juntar a mim em um ato de recordação neste décimo aniversário da morte de Carl, você já conheça bem as numerosas realizações científicas e culturais do homem. Talvez você seja um de muitos que foi levemente empurrado a uma trajetória de vida diferente pela atração gravitacional de algo que ele disse ou escreveu ou sonhou. Em minha estimativa parcial, ele era uma figura histórica mundial que nos incentivou a deixar a espiritualidade geocêntrica, narcisista, “sobrenatural” de nossa infância e abraçar a vastidão — amadurecer ao tomar as revelações da revolução científica moderna de coração." 

Carl Sagan por Ann Druyan, em 2006.


Veja e reflita.





Eddie Vedder - Personagem da semana

Em 23 de Dezembro de 1964, nascia Edward Louis Severson III, mundialmente conhecido como Eddie Vedder. Teve uma infância complicada, filho de pais separados Eddie chegou a mudar de nome duas vezes. Mas o fato curioso foi que teve apenas um contato com seu pai biológico, que lhe foi apresentado como um amigo da família.

Só aos 13 anos, quando seu pai faleceu, que ele descobriu a identidade do mesmo. Esse fato foi explorado por Vedder em duas músicas do primeiro álbum do Pearl Jam, as faixas "Release" e o grande sucesso "Alive". E a primeira parte desta canção já diz tudo:


Son, she said, have I got a little story for you
                                       What you thought was your daddy was nothin' but a...
While you were sittin' home alone at age thirteen
Your real daddy was dyin', sorry you didn't see him,
but I'm glad we talked...

O ano de 1990 foi crucial para a vida de Vedder, no início se mudou da Califórnia para Seattle e no mesmo ano se juntou a Mike McCready, Stone Gossard, Dave Krusen e a Jeff Ament, formando o Pearl Jam e lançando Ten, seu primeiro álbum, em 1991. Em vinte anos de estrada o grupo já gravou: oito álbuns de estúdio, seis álbuns ao vivo, duas compilações, um EP, vinte e oito singles, cinco álbuns de vídeos, catorze videoclips e,  duzentos e quarenta e cinco bootlegs. (Discografia Completa)

Ao longo dos anos a banda tornou-se mais coesa, seguindo sempre os seus ideais, quase sempre polêmicos, mas muito coerentes com suas letras e atitudes.  A lista é grande, um processo movido contra a empresa Ticktmaster (fazendo a empresa reduzir seus lucros, para que os fãs fossem beneficiados), posição favorável em relação ao aborto, activismo político em 2004 contra a reeleição de George W. Bush.

Sem falar da defesa de causas humanitárias, sociais e ambientais. Essa personalidade forte e posições coerentes com suas letras fizeram do Pearl Jam uma das bandas norte-americanas mais idolatradas e respeitadas da história do rock. Um grande clipe apolítico é esse, de 1998:



Em 2007, Vedder foi convidado por seu amigo Sean Penn para compor grande parte da trilha sonora do filme "Into the Wild" (Na Natureza Selvagem), dirigido pelo próprio Sean. Eddie compôs suas músicas sem sofrer influências das imagens do filme, mas suas letras fortes e a crítica à sociedade, foi de uma precisão tremenda com todo o filme. O filme é excelente, pois une roteiro, atuações, fotografia e trilha sonoras impecáveis.



Para os desavisados, o Pearl Jam virá ao Brasil em Novembro, a série de shows foi confirmada para 4 capitais: Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.


Post em homenagem ao Dia Mundial do Rock. (foi escrito no dia 13/07).

13/07/2011

Muito além do "Parabéns"

As palavras têm um potencial expressivo muito maior do que supomos à primeira vista. Por exemplo, os votos de felicitação: "Parabéns!" (e seus irmãos em outras línguas: o espanhol Enhorabuena, o inglês Congratulations, o italiano Auguri e até o árabe Mabruk).  O que realmente significam essas formulações? Todas essas expressões trazem em si um profundo significado, por assim dizer, "invisível a olho nu".

Comecemos pela formulação castelhana: Enhorabuena, literalmente "em boa hora". Indicando que um determinado caminho chegou a sua conclusão, e que esta é que é a hora boa. Precisamente o fato de ser a hora da conclusão é que a torna uma boa hora.

Já a formulação inglesa, também presente no alemão e em outras línguas, congratulations, expressa a alegria compartilhada pelo bem do outro, com quem nos con-gratulamos, isto é, nos co-alegramos. Nesse caso, a alegria que externamos ao felicitar tal pessoa é também, a título próprio, muito nossa.

O árabe mabruk lembra o caráter de bênção daquele dom pelo qual felicitamos alguém. O italiano, auguri, auguri tanti!, anuncia que este bem celebrado é só prenúncio, prefiguração, augúrio de outros ainda maiores que estão por vir.


Com a encantadora forma nossa, "Parabéns!", estamos expressando precisamente isto: que o bem conquistado, que a meta atingida seja usada "para bens".

Em nossa herança cultural do cristianismo medieval (em séculos de acirradas disputas sobre o tema do mal), porém o mal não tem existência própria, ele é antes uma distorção do bem. Pois, qualquer bem obtido pode, ser empregado para o bem ou para o mal, para a auto-realização ou para autodestruição.

 



Texto retirado da Revista Língua Portuguesa - Edição Especial Etimologia, que pode ser comprado em qualquer banca por R$11,90.  

O Pós-Moderno

Castelinho do Flamengo
Durante todo o mês de Julho estará ocorrendo a Mostra "O Pós-Moderno" no Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho, o famoso Castelinho do Flamengo. A construção foi tombada pela prefeitura do Rio e se tornou um ponto turístico e cultural da cidade carioca. O espaço é voltado para exposição de artes plásticas e discussão poético-filosófica através de saraus e oficinas.

Durante o mês ocorrerá uma seleção de obras cinematográficas divididas em quatro semanas, de 4 a 31, de terça-feira a domingo, das 10h às 18h. Na primeira, "Pós-modernidades na ficção", com "Videodrome", de David Cronenberg; "THX 1138", de George Lucas; e "Minority Report", de Steven Spielberg.

"Pós-modernidades no cinema alemão" entra na segunda exibindo "A metamorfose", de Jan Nemec; "Tão longe, tão perto", de Wim Wenders; e "Adeus, Lênin!", de Wolfganger Becker. Já a terceira semana, "Pós-modernidades na narrativa" o público pode assistir "Amnésia", de Cristopher Nolan; "Corra, Lola, corra", de Tom Tyckwer; e "Clube da Luta", de David Fincher.

E na última semana, "Pós-modernidades na música", tem "The Doors", de Oliver Stone; "Sid & Nancy - o amor mata", de Alex Cox (sobre Sid Vicious do Sex Pistols); e "Últimos Dias", de Gus Van Sant (sobre Kurt Cobain). Essa última semana promete, hein!

Além das sessões de cinema, todos os sábados do mês às 19h (dias 9, 16, 23 e 30) será encenada a peça "Cenas da vida Pós-Moderna", uma livre adaptação da obra homônima da escritora argentina Beatriz Sarlo, com intervenções textuais de outros nomes, cujo pensamento exprime as inquietações sobre o fenômeno do pós-moderno e como ele atua em nossas vidas. Texto de Hélio Ricardo, com Simone Marçal e Hélio Ricardo.

12/07/2011

Cinema e os sentimentos

O cinema é um artefato cultural, criado por determinadas culturas, e por isso refletem as mesmas, e por sua vez, as afetam também. O cinema é considerado mundialmente como uma importante forma de arte (a sétima arte de acordo com o Manifesto das Sete Artes), com grande potencial de entretenimento popular e um método poderoso para educar - ou doutrinar - os cidadãos. Afinal, os elementos visuais e sonoros dão aos filmes um poder de comunicação universal.


Ver um filme é fazer uma experiência real, onde experimentamos afetos e paixões correspondentes. Estamos sentados, expostos ao encadeamento das imagens e sons do filme e, influenciados por esse encadeamento, não podemos senão formar os sentimentos correspondentes a essas imagens.

Aparentemente estamos numa situação passiva, mas, eis o paradoxo, entramos em relação com as ações de um corpo que não é o nosso cujos afetos podemos sentir. Isso não é uma ilusão. A imitação de sentimentos tem como efeito a realidade dos sentimentos. Esteja ou não a coisa realmente presente, isso não muda nada no efeito que ela tem sobre nós. Não estarmos efetivamente no filme não muda nada o efeito real que o filme exerce sobre nós.

O cinema, portanto, engendra no espectador pensamentos que não correspondem diretamente ao seu corpo, mas que ele forma efetivamente, graças à imitação de sentimentos. Uma vez que tudo que acontece no corpo produz-se igualmente na alma ou produz nela alguma coisa de real: uma ideia. A ficção nos fomenta ideias que formamos desavisadamente, pensamos sem refletir, experimentamos outra vida, ou outro modo de existência.

Sabedoria Hermética

Hermes Trimegisto
A filosofia por trás da alquimia está diretamente ligada aos ensinamentos de Hermes Trismegisto ("Hermes, o três vezes grande"), que foi descrito como um grande professor que passava sabedoria. Ele parece ser a sincretização do deus grego Hermes, que conduzia as almas para o submundo e carregava as mensagens dos deuses.

Seus atributos simbolizavam a ligação do submundo com a realidade material e a experiência transpessoal do "vôo com asas"; ele era essencialmente um mediador ou guia entre os mundos. Diziam que Hermes Trismegisto era o autor de milhares de textos sobre ciência, filosofia, ocultismo e muitos outros assuntos que englobavam toda a sabedoria do mundo antigo.

A filosofia de Hermes está centralizada no inter-relacionamento dos mundos microcósmicos e macrocósmicos, contidos dentro da ideia "o que está em cima é como o que está embaixo", e que todas as coisas vêm de "Um só". Aplicada à alquimia, isso significa que o microcosmo humano, onde o corpo, a alma e o espírito se encontram, está diretamente relacionado aos elementos, às estrelas, os planetas, à lua e ao sol, sendo todos espelhados dentro de cada pessoa como a "alma cósmica".
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