
Sua família era de pais de avós agricultores, que se mudaram para Lisboa em 1924. Dificuldades econômicas o impediram de entrar na Universidade, mas formou-se em uma escola técnica, onde apesar da formação profissional, também lhe garantiu acesso à grade de Literatura. Seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico. Após se formar e já trabalhando, mas fascinado pelos livros, Saramago visitava, à noite, com grande frequência, a Biblioteca Municipal Central, em Lisboa. Tudo isso demonstrava seu interesse pelos estudos e pela cultura desde pequeno, sendo que esta curiosidade perante o Mundo o acompanhou até à morte.
Sua escrita tem como ponto forte o estilo oral, em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção de uma linguagem escrita tradicional. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialética, na retórica estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões em seus livros.
Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas de suas frases ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Por isso, se o leitor se habituar ao seu estilo, a sua leitura é muito agradável, pois o seu ritmo está muito próximo da eloquência oral do Povo Português.

A relação de tensão de Saramago com a Igreja Católica cresceu fortemente com a publicação do livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" em 1991. O livro foi motivo de fortes críticas por parte dos católicos, e após o lançamento o autor enfrentou forte perseguição religiosa até por parte do governo português que censurou a publicação do livro em Portugal. Esta censura culminou com a sua mudança do escritor de Portugal para a Espanha, mais precisamente nas Ilhas Lanzarote, onde o autor veio a falecer em 2010, sem jamais ter voltado a pisar em Portugal.
Aqui no Brasil, pode-se dizer que viveu um boom de Saramago no ano de 2008, uma vez que o diretor Fernando Meirelles (o mesmo de Cidade de Deus) dirigiu a adaptação do livro "Ensaio Sobre a Cegueira", livro de maior comercialização do autor, e que contou com atores de renome internacional e algumas cenas foram gravadas em São Paulo. Por falar neste filme, postarei um vídeo em que mostra a reação do autor após ver o filme, ao lado de sua esposa e do Meirelles. Vale a pena ver.
Selo soufoda de qualidade pro Saramago!
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