A análise mais interessante que se faz do comunismo é considerá-lo uma religião - uma das religiões da salvação terrena. Assim como o cristianismo, o socialismo se baseava em paisagens idílicas. Se os cristãos lutavam para ir ao céu, os comunistas buscavam trazer à Terra. Lutavam pela sociedade revolucionária, um lugar tão perfeito e irreal quanto o paraíso.
Como as grandes religiões, o comunismo tinha visões do paraíso, como também tinha culpados pelo pecado original. "Se atribuímos nosso estado ruim a outros ou a nós mesmos - aprimeira coisa faz o socialista, a segunda, o cristão, por exemplo - é algo que não faz diferença", escreveu Friedrich Nietzsche em O Crepúsculo dos Ídolos, de 1888.
Mesmo na história do Brasil, em que o comunismo não passou de um plano, é fácil compará-lo a uma religião. As organizações deixaram à mostra o fato de serem muito parecidas com religiões ou seitas radicais. Diversas tinham rituais de iniciação, como batismos, baseados na idolatria fanática a personagens míticos. No caso brasileiro pode-se dar o exemplo do Grupo dos Onze, do qual Leonel Brizola fazia parte, onde em sua iniciação o novo companheiro deveria fazer a leitura em voz alta da carta-testamento do presidente Getúlio Vargas.
Movimentos revolucionários costumam colocar seu ideal político acima dos valores individuais e das regras tradicionais da vida. Cria-se assim uma superioridade moral que lembra a dos cristãos nas cruzadas - um pensamento do tipo "eu luto por um mundo justo, uma sociedade sem contradições,, portanto posso matar e roubar em nome desse ideal sagrado".
Fonte: O texto foi retirado do livro "Guia politicamente incorreto da história do Brasil", de Leandro Narloch.
Nenhum comentário:
Postar um comentário