23/10/2011

Música e Design

Depois dos anos 60, a música e o design estreitaram seus laços. Esta aproximação fortaleceu tanto a imagem dos artistas, quanto o segmento musical, que também começou a usufruir dessa proximidade entre as artes. Algumas capas de discos, como as de Andy Warhol para os Rolling Stones e Velvet Underground, como também as de Storm Thorgerson para o Pink Floyd e de Peter Saville para o Joy Division e New Order, fazem parte da história da música, uma vez que transcendem a criação gráfica. São quase tão ícones quanto os próprios artistas.

Esse vínculo entre a música e design se intensificou a partir dos anos 60 com o crescimento dos movimentos sociais. O design era uma importante ferramenta para expressar as mesmas ideias de paz, amor e liberdade que estavam contidas nas músicas, shows, roupas e experiências com drogas.

Sendo utilizado como meio comercial, o design gráfico começou a exercer um papel fundamental, principalmente porque a indústria cultural buscava se apropriar desses importantes ícones dos movimentos sociais, e os devolver digeridos na forma de produtos gráficos, decoração, roupas e acessórios. Neste cenário, capas de discos, pôsteres e as roupas utilizadas eram tão importantes quanto a mensagem das músicas, já que criavam uma imagem que era lembrada e associada ao discurso.

Nos anos 70, a indústria fonográfica, que havia sido alavancada pelos movimentos da década anterior, já movimentava direta e indiretamente muitos negócios. A rebeldia colorida e ingênua dos anos 60 havia sido substituída pela melancolia e agressividade do movimento punk, que, depois de ser influenciado pela moda, se tornaria também produto de consumo.

Neste cenário, começaram a surgir também gravadoras independentes, que tinham no design das capas dos álbuns uma de suas poucas formas de divulgação, visto que a verba para anúncios e campanhas publicitárias costumava ser bastante limitada nesse meio. No final dos anos 70, foi criada a Factory Records, na cidade de Manchester, Inglaterra.

Com essa gravadora, foi possível dar visibilidade ao trabalho de diversas bandas locais, como Joy Division, que ficou conhecido por mesclar os acordes e o vocal do punk com batidas eletrônicas. Mais tarde, após a morte do vocalista Ian Curtis, seria rebatizado de New Order. O trabalho de design gráfico desenvolvido para os álbuns do Joy Division e do New Order foram fundamentais para construir a imagem dessas bandas como grandes representantes dos anos 80.

Em entrevista, o designer Peter Saville afirmou que ele tinha liberdade total sobre o que seria feito na Factory Records e isso lhe deu a possibilidade de desenvolver capas de disco como ele mesmo gostaria de ter em sua prateleira. Em suas criações, Peter traduziu a narrativa dos trabalhos dos músicos para o universo gráfico. E tudo que estes artistas buscavam expressar em seus trabalhos artísticos era entregue ao público como algo tangível por meio do trabalho do designer.

O valor que as artes dos discos asseguravam para os músicos era muito maior do que se vê nas imagem dos CDs. As capas dos Long Play's eram por si só uma peça de comunicação. Seguramente, podemos dizer que algumas criações gráficas conseguiram extrapolar o simples limite de uma embalagem, tornando-se símbolos de uma época. Assim como o próprio Joy Division, por exemplo, foi símbolo de um novo movimento e de uma nova geração.

Texto de Ericson Straub.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...