"Os anarquistas sabem que só existe anarquismos, mas muitas vezes seus adversários, inspirados pelo confronto histórico ou pela petulância teórica, tendem a situá-lo no singular. Sua particularidade encontra-se na diversidade de análises e críticas da sociedade avessa a teorias. Teorias e teologias rivalizam no centro de decisões políticas e controles populacionais expressos pelas dominações modernas.
Nietzsche, de um lado, era avesso ao anarquismo, desconfiado dos demais socialismos, e o considerava um movimento filantrópico e de justiça social; de outro lado, tinha o hábito de afirmar que a democracia era a religião moderna do rebanho. Onde a população deve estar sempre ordeiros, direitos, ordenados, devedores e acalmados.
O anarquismo é, para muitas pessoas, algo inominável. É visto como sinônimo de bagunça, desorganização, irresponsabilidade, ausência de regras, convulsão, subversão, palavra que designa o mal. O anarquismo também é visto como uma oposição sistemática a qualquer governo. Mas o anarquismo não é avacalhação, desordem e muito menos oposição a qualquer governo.
Anarquismo é um movimento social, uma forma de pensar criticamente a sociedade, um governo de si pautado na liberdade dos indivíduos que dispensa a entidade estatal, associação. O anarquismo expressa a verdade das sociedades sem soberanos; não pretende uma sociedade única mas uma miríade de sociedades. Por isso estimula as experiências que potencializem a liberdade e reduzam os exercícios de autoridade.
Parece uma Utopia? Pode até ser. Uma vez que a humanidade necessita de utopias. Esta é a referência para o aperfeiçoamento e superação dos conflitos (a utopia descrita aqui não se trata da mesma abordada por Thomas Morus). A utopia se refaz constantemente; é o encontro na fronteira, a definição de outras possibilidades, o estímulo para progredir, o inacabado. Utopia é um fim e um meio.
Isso é possível, porque o anarquismo e seus anarquismos não são prescrições, mas estilos de vida."
Palavras de Edson Passetti.
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