O Cristianismo em seus primórdios possuía diversos segmentos. A maioria vivia distribuída em comunidades clandestinas e secretas nas periferias das cidades. Geralmente eram lideradas por pessoas que conheceram Jesus, ou por seus discípulos. Como Jesus não deixou nada escrito, alguns líderes passaram a registrar as suas mensagens por escrito.
Dessa forma, os evangelhos não são reproduções exatas dos ensinamentos de Jesus, mas, sim, interpretações de suas mensagens e por esse motivo é compreensível alguma contradição entre eles. Entre as primeiras comunidades cristãs, havia os ebionitas, que se consideravam judeus e tinham Jesus como o Salvador exclusivo do povo judeu.
Os marcionistas cultuavam dois deuses. Um deles era mau, responsável por toda desordem e maldade no planeta. O deus bom era Jesus, que nasceu para libertar a humanidade do deus mau. Os gnósticos tinham crenças semelhantes às dos marcionistas, pois acreditavam que o mundo tinha sido criado por um deus imperfeito.
Os seguidores de Tomé, os tomasinos rejeitavam a hierarquia e também acreditavam na salvação e libertação por meio do conhecimento ("Só acredito vendo"). Havia ainda os seguidores de Pedro e Paulo, que possuíam fortes comunidades em Roma, capital do império romano. Esse cristianismo era mais organizado e possuía uma hierarquia própria.
Quando, em 312, o imperador romano Constantino se converteu ao cristianismo, adotou a vertente que estava sendo propagada em Roma. Treze anos mais tarde, a Igreja se reuniu, sob as ordens do imperador, para decidir as bases do cristianismo, situação na qual os bispos de Roma se sobressaíram por serem mais organizados. O credo estabelecido em Niceia se tornou a doutrina oficial que todos os cristãos deveriam aceitar para participar da Igreja Católica, a Santa Igreja.
A versão do Cristianismo foi sistematizada por concílios da Igreja, cujos membros provavelmente sofreram pressão do Imperador Constantino e de diversas facções políticas em suas atividades. E foi nesse cenário que os concílios determinaram doutrinas e dogmas da Igreja, como a Santíssima Trindade, a divindade de Jesus e a virgindade de Maria, sua mãe.
Nesses concílios, foram selecionados os evangelhos que seriam incluídos na Bíblia. Os textos excluídos e proibidos foram os gnósticos, que não davam importância à crucificação e aos evangelhos tomasianos, por pregarem a busca individual pela salvação.
Foi nessa ocasião que os Evangelhos de João, Marcos, Lucas e Mateus foram considerados canônicos (o termo canônico significa aquele que entrou na lista dos escolhidos). Para muitos pesquisadores, os autores dos quatro evangelhos canônicos não conheceram Jesus de Nazaré. Há ainda evidências de que os concílios alteraram, apagaram e adicionaram muitos conteúdos da Bíblia.
A palavra Evangelho tem origem grega e significa "boa nova". Ela se referia, no caso, à notícia da chegada do Messias, Jesus. Os livros que não pertenciam ao cânon (a lista dos escolhidos), não foram escolhidos, eram chamados de apócrifos, ou seja, de legitimidade duvidosa. Muitos deles foram destruídos e considerados heresias.
Se a fé nunca dependeu da história, por que persiste a penumbra sobre os primeiros séculos do cristianismo? Não devia ser assim. No entanto, quando fazemos uma aproximação dos fatos com fatos e não com ideias, é possível outra conclusão.
ResponderExcluirhttp://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver
Se a fé nunca dependeu da história, por que persiste a penumbra sobre os primeiros séculos do cristianismo? Não devia ser assim. No entanto, quando fazemos uma aproximação dos fatos com fatos e não com ideias, é possível outra conclusão.
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