Geraldo se mudou para a então Capital do Brasil em 1951, para ingressar na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela qual se formou em 1961. Militante estudantil, participou ativamente do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nesta mesma década de 60, Geraldo Vandré iniciou sua carreira musical, onde se tornaria um dos ícones da oposição ao regime militar.
O primeiro grande sucesso veio com Disparada cantada por Jair Rodrigues, foi vencedora junto com "A Banda" de Chico Buarque do Festival da Canção da TV Record em 1966. A história nos bastidores conta que apenas a música de Buarque ficaria em primeiro, porém Chico não concordou, pois considerava Disparada melhor que a sua e não aceitaria o prêmio. A situação foi resolvida quando foi informado que ele e Geraldo Vandré dividiriam o primeiro lugar.
Em 1968, mais uma vez uma composição de Vandré chegou à final do Festival da Canção da TV Record, só que desta vez era o próprio Geraldo quem interpretava sua canção e mais uma vez disputou o prêmio com uma música de Chico Buarque, "Sabiá" composta em parceria com Tom Jobim, onde desta vez não teve divisão de prêmio, que ficou para Chico. Mas a platéia de revoltou, pois queriam a composição de Vandré como campeã, e durante a apresentação da música vencedora só se ouvia vaias vindas da plateia. Este se tornou um dos momentos mais emblemáticos da história dos festivais.
A canção defendida por Geraldo Vandré era "Para não dizer que não falei de flores", simplesmente a música que se tornou o hino de resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura militar durante o governo militar, e que em menos de um ano foi censurada. O Refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores.
Após seu exílio (saiu do país em 68 e voltou em 73), Geraldo Vandré abandonou a vida pública e se afastou do mundo artístico, para atuar como advogado. Tal afastamento foi alvo de inúmeros boatos. O próprio Vandré em entrevista no ano de 2000, afirmou ter se exilado por vontade própria, devido a insatisfação com o clima político e disse ter abandonado a carreira artística por que a imagem de "Che Guevara Cantor" abafa sua obra.
Confira este vídeo abaixo, onde o cantor, após 40 anos recluso, concedeu uma esclarecedora entrevista exclusiva a Globo News, onde ele critica o cenário cultural brasileiro desde os anos 70 e demonstra uma lucidez única das grandes mentes. (O vídeo é longo, 50 minutos, mas vale a pena!)
"Quando eu terminei o meu curso de Direito aqui no Rio, e fui me dedicar a uma carreira artística, eu já sabia que: arte é cultura inútil. Mas eu, hoje, consegui ser mais inútil que qualquer artista. Eu sou advogado num tempo sem lei. Quer coisa mais inútil que isso?"
Tá, ele pode ter sido O Cara antigamente mas,
ResponderExcluireu tive o desprazer de conhecer (em meados dos anos 90, em Cuiabá) um sujeitinho arrogante e bebaço querendo humilhar um amigo meu, com papo de "sabe com quem está falando?".
De pronto tomei as dores do grande amigo e passei uma descompostura no "Celebridade-sombra-do-que-foi-um-dia"
E a verdade essa: Acabou a Ditadura, acabou Geraldo Vandré. Sumiu junto com o MR8. Já foi. Zéfini! E ZÉFINIIII!
A obra de um artista é eterna!
ResponderExcluirVandré, independente do que ele é ou pensa hoje, marcou sua geração num período extremamente complicado da história do país. Pagou um preço caro por cantar crônicas da realidade num país que gosta de viver na mentira. A situação de Vandré não é diferente de Chico, Caetano, Gil entre outros. Fenômenos culturais só se tornam mitos quando morrem. Vandré é um mito vivo! Em minha opinião, não há, até aqui, nenhum artista brasileiro que tenha conseguido igual façanha! Podemos não gostar, mas só mitos podem dizer: “sabe com quem você está falando”? Eu responderia: sim, com um mito vivo e eu o respeito por isso!