Acreditando piamente que a sala escura do cinema é um ambiente que permite a rara fusão da imaginação com a racionalidade, o francês Ollivier Pourriol (professor de filosofia, romancista e ensaísta) teve uma ideia inusitada: ensinar filosofia através de enredos de filmes cultuados no mundo inteiro. O sub-título do livro é "As mais belas questões da filosofia no cinema".
O Clube da Luta, por exemplo, leva a um saboroso debate sobre a liberdade; Colateral é pretexto para salientar noções de método; O sexto sentido remete às fronteiras entre consciência e percepção; Highlander traz à tona a diferença entre imortalidade e eternidade. "Se, a princípio, a filosofia der um nó na sua cabeça, lá estará o cinema para exemplificar o assunto." - Correio Brasiliense sobre este livro.
Este livro traz as aulas ministradas pelo autor em torno da obra do francês René Descartes (1596-1650) e do holandês Baruch de Spinoza (1632-1677). Descartes inaugurou o racionalismo na Idade Moderna, com o seu "Penso, logo existo". Ao contrário de Descartes, Spinoza achava que a emoção só pode ser suplantada por outra emoção - jamais pela razão.
Esses dois pensadores têm aqui suas ideias expostas de modo original e em linguagem clara, mas sem perda da profundidade dos temas abordados. Com Cinefilô descobre-se que a filosofia não é a disciplina austera e distante da realidade, e sem uma forma prazerosa de compreender o mundo contemporâneo.
A surpreendente proposta deste livro, onde filmes de grande popularidade servem de ponto de partida para a discussão de temas filosóficos, funciona muito bem pois o autor é extremamente hábil em utilizar personagens da cultura pop, com seus dilemas contemporâneos, questões tradicionalmente consideradas "difíceis" chegam até o leitor leigo de forma compreensível, envolvente e sem banalizações.
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